A fugitiva

Fiction & Literature, Classics
Cover of the book A fugitiva by Marcel Proust, Globo Livros
View on Amazon View on AbeBooks View on Kobo View on B.Depository View on eBay View on Walmart
Author: Marcel Proust ISBN: 9788525054180
Publisher: Globo Livros Publication: May 14, 2013
Imprint: Biblioteca Azul Language: Portuguese
Author: Marcel Proust
ISBN: 9788525054180
Publisher: Globo Livros
Publication: May 14, 2013
Imprint: Biblioteca Azul
Language: Portuguese

A fugitiva pode ser visto como um livro do luto. Um luto pesado. O protagonista, Marcel, que vem desfiando sua gigantesca teia de passado, se vê, de repente, sozinho. Sua Albertina, “pássaro maravilhoso”, escapa de suas mãos, e vai embora, sem deixar recados. Todo um círculo de ciúme, lamentação e invenção amorosa se abre diante dele. Quando essa construção, que se passa por dentro, no jogo obsessivo entre realidade e imaginação, atinge seu ápice, ele recebe a notícia dolorosa: a delicada Albertina fora lançada, pelo cavalo, contra uma árvore e morrera. Novo círculo, então, se abre, agora recompondo em vários níveis a relação entre os dois, desde os passeios de bicicleta por Balbec até as cartas finais, após a separação.Em Marcel Proust, todo resumo torna-se frágil diante das filigranas do seu estilo, que o leitor já vem acompanhando desde No caminho do Swann, primeiro volume desta monumental obra que é Em busca do tempo perdido. As ambiguidades do sentimento amoroso entre a necessidade da presença da mulher de sua adoração e o desejo de seu total afastamento, com o filtro venenoso do ciúme podem dirigir o olhar do leitor para uma narrativa até um tanto patética e doentia. No entanto, os fatos não estão no centro do romance, mas a memória, que preside cada linha traçada exaustivamente ao longo do livro. Uma dor é a separação amorosa, a outra, agora, é o caminho do esquecimento, que a morte preside: “Para me consolar, não era uma, eram inúmeras Albertines que eu deveria esquecer. Quando tinha chegado a suportar a mágoa de perder esta aqui, tinha de recomeçar com relação a outra, a cem outras”.A evocação da mulher se torna o caminho da escrita, até o seu esgotamento total. Proust, neste ponto, é sempre um artista genial, capaz de lançar o leitor a uma série de comparações ou sugestões poéticas e sensíveis que tornam seu texto uma obra irretocável beleza. A partir da fuga de Albertina, ele passa a perseguir suas dúvidas, alimentadas pelo ciúme, também um fonte de prazer intenso, recompondo, como um detetive, todos os passos de sua amada, principalmente sua relação com outras mulheres. E neste trilhar pelo passado, o escritor incrusta um retrato irônico e mordaz da vida mundana parisiense do começo do século XX, com seus salões, jantares e conversas em torno da mesa cujo prato principal são as rusgas de uma aristocracia arruinada e uma burguesia que busca nos aristocratas seu modelo nobre.Esta reedição de A fugitiva, que teve a brilhante tradução do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, um confesso apaixonado pelo estilo do escritor francês, traz ainda prefácio, notas, resumo e revisão técnica do professor da Unifesp e especialista em Proust Guilherme Ignácio da Silva, que traduziu, a partir do texto estabelecido pela Bibliothèque de la Pléiade (1989), os trechos que não constavam da edição utilizada por Drummond. A edição conta ainda com posfácio assinado pelo professor de filosofia da USP Franklin Leopoldo e Silva, além de uma cronologia da vida de Marcel Proust.*Heitor Ferraz é jornalista, professor e poeta.

View on Amazon View on AbeBooks View on Kobo View on B.Depository View on eBay View on Walmart

A fugitiva pode ser visto como um livro do luto. Um luto pesado. O protagonista, Marcel, que vem desfiando sua gigantesca teia de passado, se vê, de repente, sozinho. Sua Albertina, “pássaro maravilhoso”, escapa de suas mãos, e vai embora, sem deixar recados. Todo um círculo de ciúme, lamentação e invenção amorosa se abre diante dele. Quando essa construção, que se passa por dentro, no jogo obsessivo entre realidade e imaginação, atinge seu ápice, ele recebe a notícia dolorosa: a delicada Albertina fora lançada, pelo cavalo, contra uma árvore e morrera. Novo círculo, então, se abre, agora recompondo em vários níveis a relação entre os dois, desde os passeios de bicicleta por Balbec até as cartas finais, após a separação.Em Marcel Proust, todo resumo torna-se frágil diante das filigranas do seu estilo, que o leitor já vem acompanhando desde No caminho do Swann, primeiro volume desta monumental obra que é Em busca do tempo perdido. As ambiguidades do sentimento amoroso entre a necessidade da presença da mulher de sua adoração e o desejo de seu total afastamento, com o filtro venenoso do ciúme podem dirigir o olhar do leitor para uma narrativa até um tanto patética e doentia. No entanto, os fatos não estão no centro do romance, mas a memória, que preside cada linha traçada exaustivamente ao longo do livro. Uma dor é a separação amorosa, a outra, agora, é o caminho do esquecimento, que a morte preside: “Para me consolar, não era uma, eram inúmeras Albertines que eu deveria esquecer. Quando tinha chegado a suportar a mágoa de perder esta aqui, tinha de recomeçar com relação a outra, a cem outras”.A evocação da mulher se torna o caminho da escrita, até o seu esgotamento total. Proust, neste ponto, é sempre um artista genial, capaz de lançar o leitor a uma série de comparações ou sugestões poéticas e sensíveis que tornam seu texto uma obra irretocável beleza. A partir da fuga de Albertina, ele passa a perseguir suas dúvidas, alimentadas pelo ciúme, também um fonte de prazer intenso, recompondo, como um detetive, todos os passos de sua amada, principalmente sua relação com outras mulheres. E neste trilhar pelo passado, o escritor incrusta um retrato irônico e mordaz da vida mundana parisiense do começo do século XX, com seus salões, jantares e conversas em torno da mesa cujo prato principal são as rusgas de uma aristocracia arruinada e uma burguesia que busca nos aristocratas seu modelo nobre.Esta reedição de A fugitiva, que teve a brilhante tradução do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, um confesso apaixonado pelo estilo do escritor francês, traz ainda prefácio, notas, resumo e revisão técnica do professor da Unifesp e especialista em Proust Guilherme Ignácio da Silva, que traduziu, a partir do texto estabelecido pela Bibliothèque de la Pléiade (1989), os trechos que não constavam da edição utilizada por Drummond. A edição conta ainda com posfácio assinado pelo professor de filosofia da USP Franklin Leopoldo e Silva, além de uma cronologia da vida de Marcel Proust.*Heitor Ferraz é jornalista, professor e poeta.

More books from Globo Livros

Cover of the book Piratas no Brasil: As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral by Marcel Proust
Cover of the book A alma do vinho by Marcel Proust
Cover of the book Diário da Julieta 3: o blog de férias da Menina Maluquinha  by Marcel Proust
Cover of the book Branca dos mortos e os sete zumbis e outros contos macabros - Bela Incorrupta by Marcel Proust
Cover of the book Histórias de tia Nastácia by Marcel Proust
Cover of the book Cidades Mortas - conto by Marcel Proust
Cover of the book O sofá que engoliu as crianças by Marcel Proust
Cover of the book Sodoma e Gomorra by Marcel Proust
Cover of the book Dom Casmurro by Marcel Proust
Cover of the book A sobrinha do poeta by Marcel Proust
Cover of the book Histórias da Carolina - A menina sonhadora que quer mudar o mundo  by Marcel Proust
Cover of the book Onde foi parar nosso tempo? by Marcel Proust
Cover of the book Urupês by Marcel Proust
Cover of the book Coração perverso by Marcel Proust
Cover of the book Balzac e a Comédia Humana by Marcel Proust
We use our own "cookies" and third party cookies to improve services and to see statistical information. By using this website, you agree to our Privacy Policy