A Opção Pela Espada

Nonfiction, History, Reference, Historiography, Religion & Spirituality
Cover of the book A Opção Pela Espada by Pedro Marangoni, Clube de Autores
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Author: Pedro Marangoni ISBN: 6569000004919
Publisher: Clube de Autores Publication: March 13, 2018
Imprint: Clube de Autores Language: Portuguese
Author: Pedro Marangoni
ISBN: 6569000004919
Publisher: Clube de Autores
Publication: March 13, 2018
Imprint: Clube de Autores
Language: Portuguese

No início da década de setenta tínhamos duas opções políticas claras e em oposição. Escolhi a que melhor representava o modo de vida que herdei de meus antepassados, que ajudaram com a liberdade da democracia, a construir uma Civilização que dava oportunidade para todos em função de sua capacidade de trabalho e não o nivelamento forçado do desejável mas utópico Socialismo. Esta Civilização tinha um inimigo em pleno ataque, por que esperar que ele viesse à nossa casa, ao nosso País? Por que não combatê-lo onde quer que estivesse? Com a força de minha juventude, optei pela luta, optei pela espada... O nosso planeta estava em plena guerra fria, eufemismo para designar o confronto quente, sangrento entre EUA e URSS, hipocritamente terceirizado e espalhado em dezenas de pequenas guerras aparentemente locais e vivíamos o paradoxo de assistir os EUA enfrentar e imiscuir-se em assuntos internos de aliados. O utopismo, optimismo ingênuo, desconhecimento histórico dos outros povos, faziam com que a administração Kennedy tropeçasse a cada passo dado em nome da autodeterminação dos povos, baseados em um conceito anticolonialista paternal e inconsequente, esquecidos que os EUA eram fruto da dominação colonial. Em busca do apoio africano na guerra fria, a nação mais poderosa da terra resolveu medir forças com países aliados, anticomunistas, mas que ainda mantinham suas colônias em África. Financiou e instigou o terrorismo bárbaro contra o colono branco, principalmente em Angola, colônia portuguesa onde, ao modelo das outras possessões lusas, vivia-se em paz e em progresso lento mas contínuo, sem a rapina que caracterizava outras nações colonialistas. O português, desde sempre com as costas voltadas para Europa, quase jogado ao mar pelo onipresente e único vizinho, Espanha, sentia-se mais africano que europeu em seu viver aventureiro, que o levou a construir um Império que chegava até a China. Salazar, um regente orgulhoso e com profunda noção histórica de Portugal no mundo, reagiu em força quando confrontado com os massacres da UPA de Holden Roberto no norte de Angola, recuperando o território em alguns meses, num notável feito de armas, dada a distância dos eventos e os poucos recursos com que contava. Em África, Ocidente e a Cortina de Ferro se defrontavam, com visível vitória da URSS, muitas vezes facilitada pela intervenção equivocada de Kennedy. E a guerra colonial portuguesa prolongou-se em três frentes, Guiné, Angola e Moçambique. Eram os valores ocidentais em jogo e foi neste palco de guerra que mergulhei sem pensar nas incongruências políticas, mas disposto unicamente a lutar o verdadeiro combate, destruir o inimigo onde estivesse e ocupar o terreno. Defender minha pátria, Brasil, em África! Aos 23 anos de idade era piloto militar e paraquedista, mas teria que aprender a lutar com os pés no chão, na Infantaria, se quisesse sobreviver... Lancei-me ao desafio e os anos que se seguiram suplantaram até os meus mais audaciosos sonhos. Da Força Aérea Brasileira a infante na Legião Estrangeira Francesa; de instrutor de Educação Física a chefe de Milícias na guerra colonial em Moçambique; de piloto de observação a comandante de um Grupo Blindado na guerra civil em Angola; de guerrilheiro a instrutor de comandos na Rhodesia; de agente de informações na Espanha a “escritor reacionário” em Portugal... Escapando de ciladas, perseguido como marginal perigoso me tornei novamente legionário, desta feita na ilha de Fuerteventura, nas costas do Sahara Espanhol. Era ciclo que se fechava, em oito anos de lutas, em dois continentes, em oito países, sob sete bandeiras.

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No início da década de setenta tínhamos duas opções políticas claras e em oposição. Escolhi a que melhor representava o modo de vida que herdei de meus antepassados, que ajudaram com a liberdade da democracia, a construir uma Civilização que dava oportunidade para todos em função de sua capacidade de trabalho e não o nivelamento forçado do desejável mas utópico Socialismo. Esta Civilização tinha um inimigo em pleno ataque, por que esperar que ele viesse à nossa casa, ao nosso País? Por que não combatê-lo onde quer que estivesse? Com a força de minha juventude, optei pela luta, optei pela espada... O nosso planeta estava em plena guerra fria, eufemismo para designar o confronto quente, sangrento entre EUA e URSS, hipocritamente terceirizado e espalhado em dezenas de pequenas guerras aparentemente locais e vivíamos o paradoxo de assistir os EUA enfrentar e imiscuir-se em assuntos internos de aliados. O utopismo, optimismo ingênuo, desconhecimento histórico dos outros povos, faziam com que a administração Kennedy tropeçasse a cada passo dado em nome da autodeterminação dos povos, baseados em um conceito anticolonialista paternal e inconsequente, esquecidos que os EUA eram fruto da dominação colonial. Em busca do apoio africano na guerra fria, a nação mais poderosa da terra resolveu medir forças com países aliados, anticomunistas, mas que ainda mantinham suas colônias em África. Financiou e instigou o terrorismo bárbaro contra o colono branco, principalmente em Angola, colônia portuguesa onde, ao modelo das outras possessões lusas, vivia-se em paz e em progresso lento mas contínuo, sem a rapina que caracterizava outras nações colonialistas. O português, desde sempre com as costas voltadas para Europa, quase jogado ao mar pelo onipresente e único vizinho, Espanha, sentia-se mais africano que europeu em seu viver aventureiro, que o levou a construir um Império que chegava até a China. Salazar, um regente orgulhoso e com profunda noção histórica de Portugal no mundo, reagiu em força quando confrontado com os massacres da UPA de Holden Roberto no norte de Angola, recuperando o território em alguns meses, num notável feito de armas, dada a distância dos eventos e os poucos recursos com que contava. Em África, Ocidente e a Cortina de Ferro se defrontavam, com visível vitória da URSS, muitas vezes facilitada pela intervenção equivocada de Kennedy. E a guerra colonial portuguesa prolongou-se em três frentes, Guiné, Angola e Moçambique. Eram os valores ocidentais em jogo e foi neste palco de guerra que mergulhei sem pensar nas incongruências políticas, mas disposto unicamente a lutar o verdadeiro combate, destruir o inimigo onde estivesse e ocupar o terreno. Defender minha pátria, Brasil, em África! Aos 23 anos de idade era piloto militar e paraquedista, mas teria que aprender a lutar com os pés no chão, na Infantaria, se quisesse sobreviver... Lancei-me ao desafio e os anos que se seguiram suplantaram até os meus mais audaciosos sonhos. Da Força Aérea Brasileira a infante na Legião Estrangeira Francesa; de instrutor de Educação Física a chefe de Milícias na guerra colonial em Moçambique; de piloto de observação a comandante de um Grupo Blindado na guerra civil em Angola; de guerrilheiro a instrutor de comandos na Rhodesia; de agente de informações na Espanha a “escritor reacionário” em Portugal... Escapando de ciladas, perseguido como marginal perigoso me tornei novamente legionário, desta feita na ilha de Fuerteventura, nas costas do Sahara Espanhol. Era ciclo que se fechava, em oito anos de lutas, em dois continentes, em oito países, sob sete bandeiras.

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