Bela Dama - A Empresária do Ano

& Outros Escritos

(A5, 142 PÁGINAS) - 

SOBRE O “EU LÍRICO” DO AUTOR

Meu “eu lírico” é, na verdade,

Um ente coletivo, ainda que,

Inconsciente da sua própria coletividade.

É uma maneira “trans” de ver o mundo,

De senti-lo, de interagir com ele.

Meu eu lírico é o que sou,

Mas também que não cabe em mim:

É o que me transpassa,

Transborda-me,

O que precisa de espaço...

Não confundam meu eu lírico

Com a voz do povo,

Muito menos ainda

Com a voz de um deus...

Porque seria preciso perguntar:

Qual povo? Qual deus?

O povo que mandou soltar Barrabás

Ou então o deus das cruzadas?

Meu eu lírico é menos radical...

E mais autônomo;

Menos pseudo e mais ético;

Menos amoral e mais profícuo:

É polifonia e polissemia,

Mas não ventania;

É náusea em estado de graça:

Penso eu ou ignoro-me...