Author: | Venceslau de Morais | ISBN: | 9789898698261 |
Publisher: | Projecto Adamastor | Publication: | October 28, 2014 |
Imprint: | Projecto Adamastor - Clássicos | Language: | Portuguese |
Author: | Venceslau de Morais |
ISBN: | 9789898698261 |
Publisher: | Projecto Adamastor |
Publication: | October 28, 2014 |
Imprint: | Projecto Adamastor - Clássicos |
Language: | Portuguese |
Oh, a paisagem japonesa! Como ela é encantadora e fresca, estranha, paradisíaca!... e como aqui o pensamento se dilata, num longo divagar sereno e amoroso, tão distinto das preocupações sombrias que além, na Europa, azedam a existência!... Mas não sei quê da alma asiática, subtilmente motejador e sarcástico, subtilmente intolerante, paira aqui, emana da coloração e da forma das coisas, do grito dos animais, do gesto e voz da gente; não se define, mas existe, hostilizando em tudo o pobre intruso. É como que uma exortação contínua e impertinente do Buda e dos deuses tutelares, murmurada a todos os instantes: ― «Vai-te, volta à terra dos loiros; contempla os teus deuses, visita os teus templos, recreia-te nos teus salões, bebe o teu whisky e soda; mas deixa em paz este solo, que não é teu, que te detesta; e onde, para assimilares a harmonia da criação e o sentimento nacional, precisas de uma fluidez de espírito e de uma serenidade de consciência, que te faltam!...»
Oh, a paisagem japonesa! Como ela é encantadora e fresca, estranha, paradisíaca!... e como aqui o pensamento se dilata, num longo divagar sereno e amoroso, tão distinto das preocupações sombrias que além, na Europa, azedam a existência!... Mas não sei quê da alma asiática, subtilmente motejador e sarcástico, subtilmente intolerante, paira aqui, emana da coloração e da forma das coisas, do grito dos animais, do gesto e voz da gente; não se define, mas existe, hostilizando em tudo o pobre intruso. É como que uma exortação contínua e impertinente do Buda e dos deuses tutelares, murmurada a todos os instantes: ― «Vai-te, volta à terra dos loiros; contempla os teus deuses, visita os teus templos, recreia-te nos teus salões, bebe o teu whisky e soda; mas deixa em paz este solo, que não é teu, que te detesta; e onde, para assimilares a harmonia da criação e o sentimento nacional, precisas de uma fluidez de espírito e de uma serenidade de consciência, que te faltam!...»